Todos os dias, reúno forças escondidas nas frestas de mim para encarar a rotina, vestir o corpo e cruzar a porta. Mas hoje… hoje o cansaço tem outro nome, outro peso. Não é o simples esgotamento do corpo; é a exaustão da alma. Estou cansada da mesmice que se arrasta, silenciosa, repetida. Das mesmas faces, dos mesmos lugares, das mesmas discussões, das mesmas sensações — sempre as mesmas, sempre tão previsíveis.
E então, aquela antiga vontade adormecida despertou com fúria: vontade de colocar a vida inteira numa mochila e partir… partir sem destino, apenas com o desejo de me perder e me encontrar em cada pedaço desse mundo vasto e tão pouco vivido. Ela voltou forte, latejante, rasgando o tempo e os planos, exigindo espaço dentro de mim.
Quero sentir o sol de outros céus, atravessar paisagens que nunca imaginei, fazer da vida uma aventura sem mapas, sem amarras. Seguir… simplesmente seguir, deixando para trás tudo o que pesa, o que prende, o que sufoca. Não olhar para trás, não me deter por quem ou pelo que já não me impulsiona.
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